Se tivesse a chance, o que você diria para a criança que já foi um dia?

Vivemos engolidos pelo tempo, pela busca incessante de conquistas, respostas e um futuro melhor. Mas, vira e mexe ser adulto é parar um pouquinho e fazer um exercício simples, que pode ser divertido ou doloroso, de pensar na própria infância. Quando criança eu pensava que tempo passava rápido demais e vivia cansada de ser pequena. Hoje, se eu pudesse ser criança por alguns minutos na semana, aproveitaria cada segundo das tardes que eu tinha para sorrir e brincar.

O momento de confraternização é uma rotina já que os três são adventistas e costumam se encontrar as sextas para cantar, orar e conversar sobre o que aconteceu durante a semana. Quando questionados sobre a infância, Mari não demora em falar o que mais marcou a infância. “A música. Eu me lembro de que todas as manhãs, mamãe levantava, pegava o violão e cantava para os filhos, quantas vezes a gente pedisse para repetir. Cresci com essa musicalização e tenho muito orgulho. Se eu pudesse conversar com a minha criança, falaria para aproveitar cada segundo daquele momento”.

Compartilha do mesmo sentimento o sobrinho Atibre, que se lembra das conversas com o avô, falecido no passado. “Eu diria para curtir a família. Esses encontros me marcaram muito, era um momento em que não havia problemas e a gente se sentia muito seguro”.

A conversa para Atibre seria franca sobre a rotina de quem precisa trabalhar muito para dar conta das despesas e dos sonhos. “Acho que eu também contaria um pouco da minha vida hoje, de como ser adulto exige, e muito, de responsabilidade. Eu pediria para minha criança viver cada segundo, porque o tempo voa e por mais que a gente mantenha aquela criança dentro da gente, nada é igual”.

Apesar da situação de pobreza que permeou a vida da família há mais de 80 anos, dona Maria José diz que teve uma infância feliz. “Apesar de toda dificuldade, a gente brincava muito, eu queria mesmo voltar a brincar. Lembro-me que papai fazia de tudo para ver os filhos alegres”.

O sorriso de Juliana Ventura Damaceno, de 34 anos, se mistura com o brilho nos olhos ao voltar na infância. Ela diz que nunca foi capaz de esquecer os momentos divertidos das viagens em família e, hoje, aqueles momentos fazem muito falta. “Se eu tivesse chance pediria para curtir mais os meus pais, minuto a minuto”.

Os pais ainda estão presentes, mas a rotina árdua da semana nem sempre dá trégua para curti-los por mais tempo. “É tanta coisa, tanto trabalho, que minha única vontade é passar o dia todo com eles, mas isso não é possível. Então com certeza eu ia querer quando criança que curtisse mais os meus pais”, afirma.

Olhando a meninada frequentemente no celular e enfrentando batalhas para tirar as crianças de crianças de casa para brincar ao ar livre, o casal, Ricardo dos Santos Cacho e Sandra Maria Marconcini, deseja mesmo as brincadeiras de infância. “Eu ia falar para brincar, sem limites, sem vontade de crescer logo, sem vontade de ser adulto, porque hoje é muito difícil mostrar isso as crianças”, lamenta Ricardo.

Ele se lembra das brincadeiras na rua com os amigos vizinhos e sente pelos filhos não terem a mesma oportunidade. “Moramos no Centro e isso não é possível, por isso, frequentemente, viemos juntos ao parque para curtir os momentos. Eu lembro com muito carinho do tempo que eu brincava”, descreve o pai.

Já o engenheiro Luiz Theodoro Bassani, de 68 anos, orgulho da infância bem vivida, diz que elogiaria a própria infância. “Eu diria que tenho muito orgulho de ter conseguido ser criança com tão pouco e pediria para continuar assim. Hoje, algumas crianças, mesmo com tantos brinquedos, se sentem insatisfeitas. Isso na verdade prova que não é o brinquedo que importa, mas o amor, e a liberdade para ser criança”.

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