Como o comércio entre Brasil e EUA pode ser impactado com o resultado das eleições nos EUA.

Por Darlan Alvarenga, G1

A eleição do próximo presidente dos Estados Unidos terá impactos em todo o planeta, uma vez que definirá quem será o próximo presidente da maior economia do mundo. Apesar das expectativas e incertezas sobre o que pode mudar no xadrez da economia global, a vitória do democrata ou do republicano deve ter poucas implicações no curto prazo nas relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, avaliam especialistas em política externa e comércio exterior.

Analistas ouvidos pelo G1 destacam que os EUA têm se mantido como o segundo maior parceiro comercial do Brasil e que, independentemente do resultado das eleições, um aumento do fluxo de negócios bilaterais depende mais da dinâmica de recuperação da economia e de uma maior diversificação e competitividade da pauta de exportação do que necessariamente da política do próximo governo ou de maior alinhamento entre os países.

Dados da balança comercial brasileira mostram que a corrente de comércios (soma de exportações e importações) entre Brasil e EUA, vem se mantendo historicamente estável na última década, num patamar entre US$ 50 bilhões e US$ 60 bilhões por ano. Em 2019, ficou em R$ 59,8 bilhões. O melhor resultado dos últimos anos foi registrado em 2014, quando somou R$ 62 bilhões.

“É uma relação bastante madura. Não deveremos ter nem um crescimento exponencial de comércio qualquer que seja o presidente, nem vai ter uma queda abrupta”, avalia Welber Barral, estrategista de comércio exterior do Banco Ourinvest e ex-secretário nacional de Comércio Exterior.

 

É consenso entre os analistas, entretanto, que diante uma eventual vitória de Biden a agenda ambiental deverá se transformar em um tema prioritário na relação bilateral e em negociações comerciais.

 

“Se o Biden ganhar, temas como proteção do meio ambiente, Amazônia, direitos das minorias vão ganhar mais relevância na forma como os EUA se relacionam com o mundo e vão certamente vir para o palco principal das discussões, inclusive das comerciais entre Brasil e Estados Unidos”, afirma O vice-presidente executivo da Amcham Brasil, Abrão Neto.

EUA são o 2º principal parceiro comercial do Brasi

Os EUA são o destino de 9,7% do total de exportações do Brasil e são também a 2ª principal origem de importações brasileiras, representando 16% das compras totais feitas pelo país.

Apesar da China ter superado os EUA como o principal parceiro comercial do Brasil, os Estados Unidos têm mantido o seu patamar de participação nas trocas totais do país. No acumulado nos 9 primeiros meses de 2020, porém, a fatia caiu para 12,3% do total, enquanto a China viu o seu percentual subir para 28,8%, em meio ao forte apetite por commodities brasileiras, como minério de ferro, soja e proteína animal. Veja no gráfico abaixo:

Comércio entre EUA e Brasil desaba em 2020

O maior desafio do comércio bilateral entre os dois países no momento é recuperar o patamar pré-pandemia. Levantamento da Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil) mostra que a corrente de comércio entre Brasil e Estados Unidos desabou em 2020 para o menor nível desde a crise internacional de 2009. Veja no gráfico abaixo:

A soma das exportações e importações entre Brasil e Estados Unidos no acumulado de janeiro a setembro caiu 25,1% em relação ao mesmo período de 2019, para US$ 33,4 bilhões – o pior resultado para o período dos últimos 11 anos.

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