Martín Vizcarra faz discurso de despedida e deixa sede do governo do Peru.

Por G1

O presidente do Peru, Martín Vizcarra, acatou nesta segunda-feira (9) a decisão do Congresso que o destituiu do cargo por “incapacidade moral” e anunciou que deixaria imediatamente o Palácio Presidencial. Ele fez um discurso de despedida na frente da sede do governo, em Lima.

“Hoje saio do Palácio do Governo, hoje volto para casa, apesar de haver inúmeras recomendações para que possamos agir por meio de ações judiciais para impedir essa decisão”, disse Vizcarra, no pátio do Palácio Presidencial e cercado por seus ministros.

Vizcarra afirmou que aceita a decisão do Congresso. “Não vou tomar nenhuma ação judicial, não quero que de forma alguma se possa entender que meu espírito de serviço ao povo foi apenas vontade de exercer poder”, acrescentou.

“Toda a minha vida tenho agido com transparência e colocando todo o meu esforço, minha capacidade e meu coração a serviço do povo e vocês todos sabem disso”, comentou antes de agradecer “toda a equipe” que o acompanhou durante sua gestão, iniciada em março de 2018, bem como ao povo peruano por seu apoio.

“Saio do Palácio do Governo como entrei há dois anos e oito meses, de cabeça erguida e pronto para enfrentar as investigações que correspondem ao enfrentamento da falsidade das denúncias no âmbito do devido processo”, disse.

 

O presidente peruano Martín Vizcarra  — Foto: Luka Gonzales / AFP Photo

O presidente peruano Martín Vizcarra — Foto: Luka Gonzales / AFP Photo

Vizcarra considerou que, apesar de na manhã desta segunda-feira ter comparecido ao plenário do Congresso para apresentar seus argumentos de defesa, os parlamentares não o ouviram: “e se me ouviram, não me entenderam”, afirmou.

“Reafirmo ao povo peruano que estou partindo com a consciência limpa e com o dever cumprido … esperemos que o Peru sempre siga o caminho do bem, esperemos que o futuro seja o melhor para os peruanos e esperançosamente, esperançosamente não em breve vamos averiguar quais são as razões subjacentes à tomada das decisões hoje tomadas no Congresso ”, afirmou.

 

O presidente peruano Martín Vizcarra dá declaração de despedida ao lado de seus ministros antes de deixar o Palácio Presidencial em Lima — Foto: Luka Gonzales / AFP Photo

O presidente peruano Martín Vizcarra dá declaração de despedida ao lado de seus ministros antes de deixar o Palácio Presidencial em Lima — Foto: Luka Gonzales / AFP Photo

Presidente do Congresso assume governo

O Congresso do Peru aprovou nesta segunda a destituição do presidente Martín Vizcarra por “incapacidade moral”, ao final de seu segundo julgamento de impeachment em menos de dois meses. Ele foi denunciado por receber propinas quando era governador em 2014.

A moção para remover o popular presidente peruano superou os 87 votos necessários no Congresso. Foram 105 votos a favor da destituição.

“Foi aprovada a resolução que declara a vacância da Presidência da República”, declarou após a votação o presidente do Congresso, Manuel Merino, que assumirá nesta terça-feira (10) a chefia do governo até o fim do mandato atual, que termina em 28 de julho de 2021.

Vizcarra, de 57 anos, tinha sobrevivido a uma votação anterior que objetivou afastá-lo em setembro – quando apenas 32 dos 130 parlamentares votaram por sua saída – e uma tentativa de suspendê-lo em 2019.

Vizcarra negou as alegações “infundadas” de que aceitou propinas de empresas que obtiveram contratos públicos quando ele era governador de Moquegua, região do sul do Peru. Vizcarra acusou o Congresso de “brincar com a democracia”.

No processo anterior, ele foi acusado de pressionar duas funcionárias do palácio de governo a mentir sobre um questionado contrato com um cantor.

“Rejeito de forma enfática e categórica essas acusações”, disse Vizcarra. “Não recebi suborno algum”, acrescentou perante o Congresso.

Ele afirmou que os dois contratos em questão foram designados por uma agência das Nações Unidas (ONU) e não pelo governo regional de Moquegua, e que as denúncias contra ele são baseadas em reportagens da imprensa e não em decisões do Ministério Público ou dos tribunais.

No domingo, o presidente havia declarado em comunicado ser “atacado de maneira sistemática (…)”, e já afirmava não ter cometido ato de corrupção. Nele, o político também afirmou que seus acusadores “estão gerando instabilidade política”.

Presidente tem aprovação popular

As pesquisas mostram que 75% dos peruanos querem a continuidade do governo, enquanto o Congresso enfrenta 59% de desaprovação, segundo a agência France Presse.

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